A turista brasiliense Daniella Maia, 42 anos, que ficou paraplégica após cair do parapeito de uma casa alugada pela Airbnb em Itacaré (BA) batalha diariamente pela recuperação. E a cada dia de luta e terapias na cadeira de rodas, o coração aperta pela saudade da liberdade e dos abraços em pé. A jornada ganhou novo fôlego após a Justiça condenar a plataforma a pagar as despesas médicas mensais do tratamento.
“O que eu mais sinto falta é da liberdade que eu tinha, de simplesmente sair de casa, pegar o carro, ir ao shopping, levar e buscar meu filho na escola, trabalhar… Antigamente, eu tinha dois empregos, ainda tinha as coisas da escola do meu filho para participar. No meu tempo livre eu gostava de sair com meus amigos, ir a praia, mergulhar. Sempre gostei de estar em contato com a natureza, fazer trilhas, andar a cavalo”, afirma Daniella.
Daniella é casada e tem um filho. “Sinto muita falta dos abraços, o abraço que a gente dá em pé não é a mesma coisa de quando você está numa cadeira. Você poder abraçar seu filho, todo dia de manhã você dar um abraço forte quando ele volta da aula. Dar um abraço no seu marido, fazer um almoço, um jantar para a família. Sonhar em fazer um cruzeiro, um acampamento. São muitas coisas que eu gostava de fazer e ainda queria realizar e agora fico limitada”, lamenta.
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KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo
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O acidente ocorreu durante as férias com a família, em janeiro de 2025. Daniella vivia com o esposo e o filho na Austrália, mas decidiu ficar no Distrito Federal (DF) durante a fase inicial da recuperação no Hospital Sarah Kubitschek, referência no tratamento de reabilitação.
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“Aos poucos estou melhorando e ficando mais independente, mas ainda necessito de ajuda para afazeres banais, desde para ir ao banheiro até para sair de casa. Porque, por mais que a nossa cidade seja uma capital, não foi construída pensando no cadeirante. É só quando a gente passa por isso que a gente sente o quão difícil é a vida do cadeirante”, comentou.
No momento Daniella está focada na reabilitação, juntamente com os profissionais do Sarah Kubitschek e as cuidadoras. Os profissionais de saúde têm ajudado muito. A paciente também tem se fortificado, fazendo fisioterapia e tendo acompanhamento psicológico. Mas não consegue deixar de ficar triste quando se lembra que se aproxima o mês de 2026 que completará um ano da queda e do começo da luta.
“Não está saindo barato. Meu marido teve que vender seu negócio na Austrália para vir a Brasília e me ajudar. Estamos os dois desempregados e no aguardo por uma resolução. Meus desafios são diários. Tento sempre ver os lados positivos, mas coisas banais como escovar os dentes, sentar no sofá, entrar no carro, tudo eu dependo de alguém me ajudando. E não sabemos como será quando voltarmos para casa”, ressaltou.
Sonhos
A perda do movimento das pernas levou muitos sonhos, mas Daniella busca reforçar para buscar novos horizontes. “Meu sonho, antes de tudo isso, era abrir meu negócio de banho e tosa. Estava juntando dinheiro e agora não será mais possível, porque eu não terei condições de lidar com os animais, especialmente os de grande porte. Confesso que só consigo pensar na minha recuperação, porque já não posso mais conquistar vários dos meus sonhos”, pontua.
Daniella espera que a Justiça e o Poder Público adotem providências para que casos como o dela não se repitam. “Minha família procurou um imóvel pelo Airbnb justamente porque nós confiávamos no serviço. Eu jamais imaginaria que minhas férias teriam esse resultado. A responsabilização é importante inclusive para que essas plataformas assumam um compromisso por regras mais rigorosas de segurança, para evitar casos semelhantes e garantir que as acomodações sejam realmente adequadas para receber turistas”, assinalou.
Em decisão liminar, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou a Airbnb a pagar as despesas médicas mensais para Daniella até o julgamento definitivo do processo, onde ela pede uma reparação de R$ 12 milhões. O valor médio inicial do auxílio pode variar entre R$ 20 mil e R$ 40 mil, mas pode mudar de acordo com o quadro da paciente.
Segundo o advogado Davi Souza, representante de Daniella, a liminar é de 2ª instância e foi tomada pelo desembargador Roberto Freitas Filho, da 3ª Turma Cível. “Pedimos a antecipação dos efeitos da tutela para que o Airbnb custeie as despesas médicas da Daniella”, explicou.
Daniella morava na Austrália desde 2013, onde tem um marido e um filho. Lá, trabalhava em duas floriculturas. Mas desde a queda voltou a viver em Brasília para a reabilitação, até ter condições para voltar para casa. Por isso, não tem plano de saúde no Brasil. De acordo com a decisão, a brasiliense terá que apresentar relatórios mensais das despesas médicas e o Airbnb vai ter que arcar com os custos. “Não estamos falando de indenização ainda. Falamos de reembolso”, contou.
Daniella tentou resolver a questão de forma amigável. A plataforma possui um seguro de US$ 1 milhão. A empresa chegou a reembolsar R$ 470 mil para o tratamento inicial da brasiliense, incluindo cirurgia e internação. Mas, as conversas não evoluíram.
A queda
O acidente aconteceu logo após a família retornar de um dia de praia, descrito por Daniella como o “melhor dia da viagem”. Enquanto conversava com o marido australiano por telefone, ela encostou no guarda-corpo da varanda da casa alugada e, de forma inesperada, caiu do deck. Daniela rolou até ficar presa em um arame farpado. A queda a deixou inconsciente. A prima dela, Raquel Serrati, que é enfermeira, foi quem iniciou os primeiros socorros.
“Me lembro de encontrá-la desacordada e emitindo alguns sons estranhos. Foi quando apoiei a cabeça e o pescoço dela de forma a evitar movimentos, cheguei a pegar o celular dela e conversar com o marido que estava muito preocupado em ouvir toda a dinâmica”, contou.
O local não possuía sinal de celular, só internet, o que dificultou ainda mais a situação. A família teve que correr até o lado de fora do condomínio para realizar a ligação de emergência. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) demorou cerca de uma hora e meia para chegar ao ponto do acidente.
O Metrópoles entrou em contato com a Airbnb. A plataforma disse que “o processo segue em andamento na Justiça” e que “o Airbnb cumprirá as determinações legais relativas ao caso, tomando as providências cabíveis ao término do julgamento definitivo”.